06/07/17

Artista plástico contestou ausência de leiloação de telas oferecidas a favor das vítimas de Pedrogão Grande, em espetáculo que se realizou no CAE

O desastre de Pedrogão e os seus efeitos que causaram 
luto e dor e que nos marcaram a todos
"-Eu e minha esposa, amadores ligados á arte e sócios da Magenta e da AAAGP, influenciados pela oferta e ajuda da professora Conceição Ruivo, oferecemos 2 telas para serem leiloados a favor das vítimas de Pedrogão numa gala que se realizou no CAE na passada 3ª feira dia 04 de julho pelas 22h00. 
Fomos portadores de duas obras, sendo uma minha e outro de minha esposa. 
No início do espetáculo estranhei a posição dos 9 quadros no chão do palco encostados á parede. Ora porque não usaram cavaletes para dar visibilidade a pinturas que poderiam facultar consideráveis fundos ao evento a favor das vítimas? 
Houve surpresa no facto de a Figueira da Foz, sendo uma cidade com imensos artistas, muitos não terem aderido. Porquê? 
No espetáculo musical logo depois do seu início todo o auditório ouviu que o quadro da professora Conceição Ruivo tinha sido vendido. Então mas como e porquê se não se ouviram licitações? Não era para ser arrematado por leilão? 
Ninguém arrematou... e porquê? Nos agradecimentos focaram a professora Conceição Ruivo, Graça Breda, Luis Breda e João Carlos Freire… então e os outros? 
Com o interessante espetáculo das lindas bandas de jovens e grupos em ação, foi anunciada nova e estranha informação: Que tinha sido vendido uma aguarela. Outra vez ‘como’? De novo sem leilão, sem haver hipótese de arrematação... 
O espetáculo, impecável e com nota 20, chegou ao fim. Mas havia algo por explicar. 
A professora Conceição Ruivo, exibindo a frontal característica que a define, veio explicar-nos o que de estranho se tinha passado: Que a presidente das Coletividades (?) tinha comprado nos corredores a sua obra a um preço favorecido, antes de ser submetido a livre e democrática licitação, portanto sem que os outros presentes tivessem oportunidade de cobrir a oferta. Em resumo, a obra não foi leiloada, não tendo havido assim a oportunidade de alguém ter podido dilatar este preço a favor das vítimas de Pedrógão. 
O espetáculo continuou e num breve intervalo a plateia foi informada que a aguarela do artista João Carlos Freire também tinha sido vendida. Então mas a quem!? Porque preço? Quem cobriu as ofertas? Como? Porquê? Explicações não apareceram. Quem queria comprar cobrindo a oferta foi impedido. 
No fim do espetáculo e pela segunda vez fizeram um agradecimento aos artistas o que achei uma blasfémia. Conceição Ruivo veio junto de nós manifestar a sua indignação. 
No final fui perguntar qual o destino das obras que eu e minha esposa oferecemos para serem leiloadas para quem os fundos revertessem a favor das vítimas de Pedrogão. 
A resposta da srª presidente das Coletividades foi de que os nossos quadros (que não foram leiloados - e um ou outro dos quais, de outros artistas, eu próprio poderia estar interessado em licitar e comprar..) iam ser enviados para Pedrogão Grande. 
Como cidadão, senti um enorme mal-estar e elevada deceção."
Luis Breda